Carrinhos produzidos de lixo hospitalar reciclado ou com excesso de metais pesados, brinquedos com pontas afiadas e que soltam pequenas peças que podem ser engolidas. Com participação de 15% do setor e consumidos por um em cada quatro brasileiros, os brinquedos pirateados representam um risco à saúde das crianças. Além disso, não oferecem o texto obrigatório para restrição de faixa etária ou recomendações antes do uso. Por isso, com a proximidade do Dia das Crianças, o presidente da Abradac (Associação Brasileira de Defesa e Apoio ao Consumidor), Vagner Souza, alerta: “É bom pesquisar muito os preços antes de decidir, mas não vale a pena comprar brinquedo pirata”.
Para se ter uma ideia do perigo, em uma das suas várias análises, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) revelou dados assustadores sobre alguns brinquedos. Uma boneca de plástico, por exemplo, tinha na composição 298 mg/kg de chumbo, valor três vezes acima do máximo aceitável pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de 90 mg/kg. O Programa de Análise de Produtos do Inmetro analisou também brinquedos que entram de forma irregular no mercado nacional e a conclusão foi que nenhum dos produtos analisados atendeu à legislação vigente. Todos os brinquedos apresentaram problemas relacionados à segurança das crianças, como pressão sonora acima dos valores permitidos.
“Todo brinquedo deve ter o selo de identificação da conformidade – aquele que contém a marca do Inmetro. A ausência do selo significa que se trata de um produto ilegal que, além de sua comercialização ser proibida, pode causar danos à saúde da criança”, alertou o presidente da Abradac. Ainda de acordo com ele, muitos pais deixam a compra para a última hora e compram na primeira loja que entram. Outros, sem informação, acabam optando por brinquedos vendidos por ambulantes, pois consideram o preço vantajoso. “Os brinquedos vendidos pelos ambulantes são mais baratos, nunca tive problema com meu filho”, disse a autônoma Lívia Silva, sem saber sobre os riscos que os brinquedos ‘piratas’ podem ocasionar.
“Esses brinquedos, que são bastante vendidos nos camelôs, não atendem aos padrões de qualidade exigidos aqui no Brasil. Ainda que aparentemente a compra pareça vantajosa, já vimos casos em que a tinta do brinquedo era tóxica e a resistência do brinquedo era inadequada, o que fez com que soltasse peças pequenas que colocaram em risco a criança”, disse Vagner Souza, presidente da Abradac.
Fonte: Tribuna da Bahia