Apesar de a reforma eleitoral de 2009 ter regulamentado a captação de recursos para as campanhas através da internet, nenhum dos três principais candidatos à Presidência da República e nenhum dos concorrentes ao Governo da Bahia adotou a estrutura para doações online com pagamento através de cartão de crédito ou boleto bancário. Apenas os sites da senadora Marina Silva e do deputado federal Luiz Bassuma, respectivamente candidatos do PV ao Palácio do Planalto e ao Palácio de Ondina, possuem uma sessão intitulada “Doe para Campanha”, onde o internauta preenche um cadastro com alguns dados pessoais.
Segundo a assessoria de comunicação da campanha estadual do PV, o setor financeiro entra em contato com os interessados para que a doação seja efetuada pessoalmente, com entrega de recibo eleitoral. O uso de cartão de crédito como forma de pagamento na internet ainda está em “fase de estruturação legal” e será definido através de “decisão nacional do partido”, de acordo com a assessoria. A campanha de Marina Silva, por sua vez, informa através do site que os internautas cadastrados serão avisados quando a captação de recursos online for iniciada.
Em 2008, a campanha de Barack Obama arrecadou mais de 500 milhões de dólares através da internet. No entanto, para a maioria das coligações e partidos brasileiros, a captação de fundos online ainda está “em fase de estudos”. De acordo com Falcão, coordenador financeiro da campanha de Geddel Vieira Lima (PMDB) ao Governo da Bahia, o uso do cartão de crédito e do boleto bancário para as doações online ainda não foram descartados. “Nosso departamento jurídico está buscando uma solução para a questão do recibo eleitoral, que precisa conter o CPF e a assinatura do eleitor”, afirma. Segundo Falcão, o problema é que as operadoras que lidam com esse tipo de transação financeira não fornecem os dados do usuário.
Nas campanhas de Jaques Wagner (PT) e Paulo Souto (DEM), a captação de recursos online também “está sendo estudada”, mas não será utilizada “por enquanto”, segundo suas respectivas assessorias. O site da candidatura à reeleição do atual governador até possui uma sessão “Doações”, mas orienta o internauta a comparecer ao comitê central em Salvador para efetuar sua contribuição financeira.
No âmbito nacional, a assessoria da candidata Dilma Rousseff (PT) preferiu não se manifestar sobre a arrecadação através da internet por não haver “nada definido por enquanto”. Já a assessoria de José Serra (PSDB) não forneceu as informações solicitadas até o fechamento da reportagem, apesar dos contatos insistentes do A TARDE On Line.
Custos – O candidato Marcos Mendes (PSOL) pretende utilizar a internet para captar recursos, mas através de divulgação do número da conta corrente da campanha, para que os interessados contribuam através do débito em conta identificado. “O valor para efetuar o contrato com as operadoras de cartão de crédito é muito alto. Só vamos utilizar esse formato se a coordenação nacional do partido fechar um acordo incluindo as campanhas regionais”, afirma Ronaldo Santos, coordenador geral da campanha. Já os candidatos Carlos Nascimento (PSTU) e Sandro Santa Bárbara (PCB) pretendem contar com o apoio da militância para arrecadar doações.
Resistência - Para Mateus Freire, coordenador do curso de Marketing e Comunicação da Universidade Salvador (Unifacs), a tendência é que a doação de recursos para as campanhas continue sendo feita nos moldes tradicionais. “Primeiro pela resistência que as pessoas têm em colocar o número do cartão de crédito na internet. Além disso, não há uma cultura, entre os cidadãos comuns, de doar recursos para políticos”, avalia.
O professor acredita que apenas quem já tem algum tipo de laço com a política terá interesse em contribuir financeiramente. “Mesmo assim, essa atitude tem uma relação muito forte com o lobby e, geralmente, não é feita pela internet”, pontua. Freire pondera ainda que a iniciativa de partidos e coligações em pedir a contribuição financeira do eleitor pode soar comercial e até prejudicar a imagem do candidato.
Fonte: A Tarde Online
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