terça-feira, 24 de agosto de 2010

Moradores ansiosos pela implosão da Fonte Nova

Foi na porta do Estádio Otávio Mangabeira, a Fonte Nova, que Antonio Miranda, 34 anos, construiu sua primeira e humilde casa. O barraco era apertado, mas tinha a vantagem de abrigá-lo da chuva e do frio. “Era minha suíte, tinha um quarto e um banheiro só. Mas era ótimo viver lá”, conta ele, morador da área há cerca de 20 anos.

Nos bons tempos, ele rememora com saudade, os “barões” – modo de se referir às pessoas mais abastadas da região – passavam e deixavam com ele e seus amigos comida e roupas. “A Fonte Nova eu considero como minha casa”, diz.

Agora que mora embaixo de um viaduto próximo ao estádio que será implodido no próximo domingo, Antonio, que trabalha lavando carros, sonha com um novo lar, ainda indefinido. “Já até aluguei um quarto em Nazaré para morar com minha mulher e meu filho, de seis anos”, revela.

Morador de rua desde os oito anos, o catador de papéis Josevaldo Nascimento, 27, conta que os últimos tempos têm sido difíceis para quem vive perto da Fonte Nova. Segundo ele, não raro as kombis aparecem no meio da noite, recolhem os moradores e os abandonam em diversos pontos da BR-324. Recentemente, Josevaldo ganhou uma casa na comunidade de Barro Duro, nas proximidades da Ceasa, onde a prefeitura construiu habitações.

Sob o viaduto da Ladeira Fonte da Pedras, em Nazaré, lavadores de carro trabalham tranquilamente com suas espumas e baldes d´água. “Aqui o povo da prefeitura só veio perguntar há quanto tempo a gente está aqui e quanto ganhamos por mês. Ninguém falou nada de sairmos daqui”, revela o lavador Marcio Almeida, 28 anos. Ele diz que a única coisa de que foram avisados foi de que vão passar um domingo sem trabalhar por causa da implosão da Fonte Nova e, na segunda-feira, poderão retornar à atividade normalmente.

Poucos metros depois, sob o viaduto, uma lona preta quase imperceptível à distância esconde o lar improvisado de Edmundo Bezerra, 47 anos, conhecido nas redondezas como “seu Edmundo”. Lá dentro, a umidade impera, e não há como ficar de pé, já que a “casa“ é da altura de uma pessoa sentada, por ter como base dois gelos baianos. É ali que ele, com um cobertor fino, se abriga da chuva que cai. “Tenho tuberculose, e mesmo assim me mandaram sair daqui. Ninguém liga para morador de rua não, sempre vem gente da prefeitura dizer que vamos ter que ir embora”, conta ele.

Segundo informações da assessoria de comunicação da Coordenadoria de Defesa Civil (Codesal), que está responsável pela retirada dos moradores do entorno da Fonte Nova, os moradores estão sendo informados sobre a implosão e, em caso de necessidade, fiquem até a total liberação da área próxima ao estádio.

Fonte: A Tarde

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